Esta seção reúne artigos diversos, tanto de cunho acadêmico, publicados em periódicos e revistas especializadas, como de cunho jornalístico que fazem menção a Franca Rame, Dario Fo ou ao seu trabalho.
Henri Meschonnic, Dario Fo e o teatro: uma poética da tradução da oralidade (2024)
Anna Palma
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
A Poética do traduzir de Henri Meschonnic (1999 – edição brasileira 2010, tradução de Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich) vai além da interpretação filosófica da tradução como teoria e prática. O professor e pesquisador francês, naquela que pode ser considerada a sua obra principal dedicada à tradução, funde poética e discurso de um texto literário que, para serem “lidos”, dependem de específicos “instrumentos” como o ritmo (com a prosódia) e a oralidade. Em várias ocasiões, Meschonnic se refere ao teatro para dizer que a oralidade não está presente apenas nos textos dramáticos e que não deve ser considerada somente pelos tradutores de textos teatrais. Neste ensaio, o conceito de poética da tradução de Meschonnic é analisado em diálogo com o de poética do teatro desenvolvida por Dario Fo.
O mestre Dario Fo: três dias na Academia Paolo Grassi Marisa Pizza (2023)
Marisa Pizza
Università degli Studi di Perugia – UNIPG
Anna Palma (tradução)
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Palavras-chave: Dario Fo, Franca Rame, Linguagem teatral, Gestualidade, Público.
Neste texto de Marisa Pizza, originalmente um capítulo de um seu livro sobre os dois autores-atores italianos, Dario Fo e Franca Rame, são apresentadas e comentadas as aulas-teatro que Dario Fo realizou na Academia Paolo Grassi (Civica Scuola di Teatro Paolo Grassi, Milão), em junho de 1996. Fo e Rame, ao longo de suas carreiras, desenvolveram uma forma de teatro caracterizada por um processo que se modifica a partir das reações do público. Ainda hoje, Fo é um ponto de referência essencial para atores e companhias teatrais que trabalham nesse sentido, especialmente para as que buscam uma dimensão satírica do espetáculo teatral. Fo, nessas suas aulas-teatro, além do discurso sobre a centralidade do público durante a encenação, transmite suas experiências e conhecimentos em relação à experimentação linguística e gestualidade, todos elementos que caracterizam fortemente os seus monólogos, desvelando, paralelamente, as dimensões poéticas da “máquina teatral” Fo Rame.
A tradução para o cinema do teatro engajado: “Non si paga, non si paga”, de Franca Rame e Dario Fo, no Brasil (2023)
Amanda Bruno de Mello
Universidade Federal de Santa Catarina
Anna Palma
Universidade Federal de Minas Gerais
Palavras-chave: Teatro engajado, Dario Fo, Franca Rame, cinema, adaptação
Os dramaturgos Franca Rame e Dario Fo são conhecidos pelo uso do riso como instrumento de ridicularização dos poderosos e fortalecimento das classes menos favorecidas. De seu longo período em atividade, provavelmente o mais engajado é a década de 1970, época em que, entre outras, escreveram a peça Non si paga, non si paga (1974; 2000), recentemente traduzida para o audiovisual no Brasil, no filme Não vamos pagar nada, escrito por Renato Fagundes e dirigido por João Fonseca, lançado em outubro de 2020. Este trabalho pretende investigar de que forma essa tradução adapta a obra de Rame e Fo para o contexto político brasileiro da pandemia, além de “traduzir” um texto teatral para o cinema. Referências importantes para a nossa reflexão são Diniz, Edo, Rosenfeld e Zatlin, e sobre o teatro de Fo e Rame, Farrell.
Os desafios de traduzir o humor político para o português: escolhas tradutórias para Tutta Casa, Letto e Chiesa, de Franca Rame e Dario Fo (2021)
Amanda Bruno de Mello
Palavras-chave: Tradução, Teatro, Humor, Dario Fo e Franca Rame, Tutta Casa, Letto e Chiesa
A peça Tutta Casa, Letto e Chiesa (1977) de Franca Rame e Dario Fo, é uma peça composta por seis monólogos para uma atriz, escrita em um período de grande polarização política na Itália. Seu fio condutor é a condição da mulher, assim como a luta por maior igualdade. Os monólogos possuem um tom cômico, elementos épicos e relação com o contexto político italiano da época. Traduzi-los para o português foi desafiador por vários motivos, muitos dos quais se relacionam ao dilema de conciliar elementos antagônicos: o espectador deve ter certa familiaridade com os temas tratados para que o riso possa acontecer, como teoriza Bergson (2020); além da importância de manter, na tradução, as referências ao contexto político em que o espetáculo foi escrito. Este trabalho analisa três situações em que esse dilema se manifestou, apresenta as escolhas tradutórias tomadas e suas justificativas.
La scrittura e i linguaggi nel teatro di Dario Fo e Franca Rame (2019)
Anna Palma
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Amanda Bruno de Mello
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Palavras-chave: Teatro; Dario Fo; Franca Rame; Scrittura; Semiotica.
Dario Fo e Franca Rame sono stati i teatrologhi italiani più riconosciuti della seconda metà del Novecento, famosi per la loro arte popolare e impegnata, che intendeva far riflettere – e, di conseguenza, emancipare – attraverso la comicità. Questo lavoro pretende discorrere sul loro processo creativo e la conseguente scrittura dei testi teatrali, a partire principalmente dalla lettura della tesi di Maria Teresa Pizza, intitolata “Al Lavoro com Dario Fo e Franca Rame: Genesi e composizione dell’Opera Teatrale”. Per il caso di Fo, la creazione risulta indissociabile dal ludico e dalla quotidianità, l’esperienza creativa è un continuum non solo temporale, ma anche spaziale e transmediale. Nel caso di Rame, invece, la creazione si basa su una particolare sensibilità al ritmo della scena e un’ottima capacità di improvvisazione, alla quale segue un lavoro continuo di rielaborazione e perfezionamento dell’opera, il quale ha dato origine non solo alle numerose pubblicazioni della coppia, ma anche ad un archivio on-line con oltre 5 milioni di documenti sulle loro opere, nel rispetto della molteplicità dei
linguaggi coinvolti sia nella creazione che nella realizzazione di ogni loro testo.
Amanda Bruno de Mello
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Este artigo analisa as traduções brasileiras às quais foi possível ter acesso dos monólogos de Tutta casa, letto e chiesa, de Dario Fo e Franca Rame, em parti-cular dos monólogos O despertar e Uma mulher sozinha, traduzidos por Roberto Vignati e Michele Piccoli para a montagem intitulada Brincando em cima daquilo, que teve direção do primeiro, atuação de Marília Pêra e estreia provável também em 1983, no Rio de Janeiro. Neste trabalho, explora-se a re-lação entre dramaturgia e escolhas tradutórias, levando em consideração a ética dos tradutores, pensada a partir da concepção de Spivak, segundo quem é preciso ter responsabilidade ao traduzir um texto considerado subalterno. Chega-se à conclusão de que esta tradução brasileira não oferece plena hos-pitalidade estética e política ao texto italiano, o que influencia uma recepção posterior mais focada no humor e menos no tom de denúncia e contestação presente no texto de partida.
Papa qualifica de crime abominável a prática de aborto
24 de abril de 1977
Jornal do Brasil (RJ)
Autor da matéria: não especificado
Neste artigo se fala do Papa que critica negativamente o programa da televisão italiana Mistero Buffo: “‘o Vaticano o considerou uma obra grosseira e vil, que ofende a fé católica e o sentimento religioso do povo italiano e degrada sensivelmente o nível das transmissões pela televisão.'”
“A primeira regra em teatro é não ter regra”
27 de maio de 1989
Revista Manchete (RJ) – 1980-1989
Autor da matéria: Marli Berg
Dario Fo em sua visita ao Brasil para encenar o Barbeiro de Sevilha.
O FIM DE TODOS OS TABUS
18 de outubro 1997
Revista Manchete (RJ) – 1952 – 2007
Autora da matéria: Ivy Fernandes
Artigo que aborda a entrevista-espetáculo de Dario Fo, foco no recebimento do Prêmio Nobel de literatura por ele e declarações acerca do evento pelo “mundo-literário”.
Dario Fo, no Brasil.
Em seus primeiros momentos na capital de São Paulo, o artista ficou impressionado com uma imensa fila que se forma em frente à delegacia regional do trabalho, e diz: “é incrível como tem gente que passa a vida esperando” em uma coletiva em 1984, à imprensa paulista. Este evento serviu de gatilho para Dario Fo soltar avalanches de palavras sobre o teatro popular e sua função de denúncia dos problemas universais, que como observa, não é visto pelos demais autores e produtores de teatro – “o teatro está em estado de coma, com alguns momentos de lucidez”, ressalta.
Dario Fo veio para o Brasil acompanhado de Franca Rame, com o intuito de apresentar uma montagem de O barbeiro de Sevilha, de Gioacchino Rossini, em 1984, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Não esperar nenhum grande traço de modernidade foi a orientação do dramaturgo, uma vez que se manteve fiel à concepção original de Rossini, ou seja, a ópera bufa – “é uma farsa dentro da ópera, mas ligada a commedia dell’Arte” ele explica, “este é um espetáculo onde as pessoas riem: eu nunca ouvi tantas risadas quanto nesta ópera” comenta.
A forma direta e popular, sem ser popularesco, de seus textos, foi a razão do sucesso de suas peças no Brasil, o que justifica retumbantes bilheterias como em Morte acidental de um anarquista e Ninguém paga, Ninguém paga. Isso não espanta o autor, e diz que “A primeira chave do sucesso é determinada pelos grandes atores (Antonio Fagundes, Denise Stoklos) existentes no Brasil”, além disso, diz que embora não os conheça, sabe de sua fama.
http://memoria.bn.br/docreader/030015_10/188707?pesq=%22Franca%20Rame%22